domingo, 11 de dezembro de 2011

Arquitetura & Urbanidade

Está sendo lançamento do livro organizado por Frederico de Holanda “Arquitetura & Urbanidade”, 2ª Edição, revista e ampliada, Prefácio de Joaquim Guedes e outras informações visitem: http://www.fredericodeholanda.com.br na seção “livros”:

O livro pode ser adquirido diretamente com o organizador. O pedido deve ser encaminhado para o email fredholanda44@gmail.com .

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Pesquisadores processados: gestão pública e produção acadêmica.


A gestão pública deve ser eficiente e não deve ser arbitrária, nem quando proíbe, nem quando permite. Para tanto, deve se basear em análises técnicas. Por isso, contemporaneamente, cada vez mais, a gestão pública busca se apoiar na produção acadêmica. A pesquisa científica, sendo apropriada pelos processos de análise técnica que informam a gestão republicana, lhe propícia produtividade e reduz a sua arbitrariedade.

No entanto, alguns pesquisadores têm sido processados, por grandes corporações empresárias, em função dos seus pareceres e análises, como no caso TKCSA (ver postagem anterior nesse blog: http://leonardomesentier.blogspot.com/2011/11/pesquisadores-da-fiocruz-e-uerj.html ). Para uma grande corporação empresarial, o processo contra um pesquisador tem um custo quase irrisório. Para o pesquisador, quando se considera a renda de um cientista no Brasil, o custo com a defesa é muito alto.

É um jogo de soma negativa, como a guerra, onde todos perdem, mas ganha quem pode perder mais. Como na guerra, os mais fortes sempre ganham, porque mesmo perdendo mais em termos absolutos, sofrem um dano menor em termos relativos. O jogo de soma negativa é extremamente desvantajoso para quem tem poucos recursos para perder (os pesquisadores); e pouquíssimo desvantajoso para quem tem muitos recursos para perder (as grandes corporações empresariais). Mesmo com vitória certa no processo judicial, para o pesquisador o dano sempre será relativamente maior.

A ação das corporações tem impacto não só sobre aqueles pesquisadores que sofrem os processos, mas toda a comunidade científica. Pessoas equilibradas e racionais procuram evitar problemas nas suas vidas e os cientistas são, em sua grande maioria, equilibrados e racionais. A ameaça que paira no ar acaba determinando escolhas de objetos de estudos, questões e linhas de abordagem, com danos invisíveis, mas muito graves e extensos, para a pesquisa cientifica no Brasil e, conseqüentemente, para toda a sociedade brasileira. Quem vai querer estudar a correlação ente o câncer e o uso do tabaco, se pode ser processado pelas fabricas de cigarro? Quem vai querer pesquisar a correlação entre o uso de bebidas alcoólicas e os acidentes de automóveis se pode ser processado pelas fabricas de bebida? Quem vai querer pesquisar as distorções no sistema de transporte urbano, se pode ser processados por empresas de barcas, ônibus e metro?

A apropriação da produção acadêmico-científica pela gestão pública é uma condição para a realização de um direito difuso da cidadania: direito à boa aplicação dos recursos públicos, direito à gestão não arbitrária da coisa pública. É preciso então criar alguma forma de proteção jurídica para a pesquisa cientifica brasileira. Eis então uma nova questão que se coloca para a reflexão do Legislativo e ação do Ministério Público no Brasil.



quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O rapto ideológico do suburbio - lançamento de livro

O Jogo continua: mega eventos esportivos e cidades

Está sendo lançado no Rio de Janeiro o livro "O Jogo continua: mega eventos esportivos e cidades", que tem como organizadores os professores Gilmar Mascarenhas, Glauco Bienenstein e Fernanda Sanchez. Haverá dois lançamentos, um na UERJ, dia 6 de dezembro e outro, na UFF, no dia 7 de dezembro. para detalhes ver os convites abaixo:



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Pesquisadores da FIOCRUZ e UERJ processados pela ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico.

Pesquisadores da FIOCRUZ e da UERJ estão sendo processados pela ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico, por terem denunciado publicamente os impactos ao ambiente e aos moradores nas áreas vizinhas a fabrica. Com base nas denuncias o Ministério Público entrou com uma ação contra a companhia. Segue abaixo a nota da APACSA – Articulação das Populações Atingidas pela Companhia Siderúrgica do Atlântico, que está pedindo ampla divulgação nas redes sociais.


"A ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA) vem trazendo impactos socioambientais, com danos à saúde, ao ambiente e a renda dos pescadores e moradores de Santa Cruz. Em uma tentativa de intimidação, processa por danos morais profissionais de saúde da Fiocruz e da UERJ que estão trabalhando no caso.

"Em repúdio a isso, viemos conclamar a todos a colaborar em uma ampla divulgação das denúncias das ações da TKCSA, através das redes sociais, nacionais e estrangeiras, na defesa das seguintes reivindicações:

1. Pelo direito à liberdade de expressão;

2. Pelo fim imediato da poluição;

3. Pela indenização e reparação dos pescadores/as e moradores/as;

4. Pelo fim das isenções fiscais cedidas a empresa;

5. Não à licença de operação definitiva e ao termo de ajustamento de conduta.

No endereço eletrônico abaixo se encontram matérias sobre o processo da TKCSA contra os pesquisadores.

http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/materia/?origem=1&matid=27990

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1680659-7823-MP+PEDE+PROIBICAO+DE+OPERACAO+DA+COMPANHIA+SIDERURGICA+DO+ATLANTICO,00.html

Assistam ao vídeo sobre o caso: Desenvolvimento a Ferro e Fogo na Zona Oeste do RJ.

http://www.youtube.com/watch?v=5--nTG9q0A4

Vamos fazer uma grande rede de solidariedade e de comunicação em defesa dos direitos sociais e à saúde ambiental. Junte-se a nós!"

domingo, 13 de novembro de 2011

Este blog esta no facebook com a identidade é Acidade Eomundo

Este blog esta no facebook com a identidade é Acidade Eomundo, entre em contato e seja informado das postagens.


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Terrorismo no Rio de Janeiro e o exílio do Deputado Marcelo Freixo


Primeiro caso: Um casal é acordado com batidas na porta tarde da noite. Abre e se depara com vários milicianos armados. O líder do grupo então comunica:
- Vocês têm um comportamento inadequado para essa comunidade. Retirem-se dessa casa imediatamente. A casa agora é nossa.
Pode ter sido por fumar maconha, por causa de uma briga ou de uma festa que foi até mais tarde. O casal foi lançado na rua, no meio da noite, com apenas o que pode carregar nas mãos.

Segundo caso: Uma senhora substitui o telhado da sua casa por uma laje, pensando em futuramente fazer uma casa para o seu filho em cima da sua. No dia da inauguração da laje recebe a visita de um representante da milícia local que comunica ela que a área da laje passa a pertencer a milícia. Se alguma casa for feita, um aluguel deverá ser pago a milícia.

São casos que se pode ouvir no Rio de Janeiro, conversando com que mora em área controlada por milícias. Existem, é claro, histórias bem mais sangrentas de assassinatos e tortura, mas os relatos acima exemplificam bem o estado de opressão difuso e cotidiano que impera sobre moradores de áreas controladas por milícias.

Para ficar bem entendido: nos territórios controlados por milícias não há vigência do Estado Democrático de Direito. Pelo controle territorial que exercem as milícias impedem a livre circulação de idéias políticas e a livre associação de seus moradores para reivindicar. Significa dizer, portanto, que não há cidadania nem democracia em boa parte do território da cidade do Rio de Janeiro.

O controle territorial constitui assim uma base a partir da qual as milícias se relacionam com o sistema político. O poder exercido sobre o território garante as milícias uma importante posição de cabo eleitoral no Rio de Janeiro. Nesse sentido, a ação das milícias faz lembrar a ação de grupos para-militares na gênese histórica de fenômenos como o nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália.

Soma-se que o dinheiro extorquido de comerciantes, do fornecimento de gás, do transporte, etc., garante as milícias recursos para financiar campanhas eleitorais e subornar autoridades publicas, policiais e juízes corruptos. Como a receita das milícias é proporcional ao seu controle territorial, naturalmente o projeto miliciano é controlar todo o território.

Costumam dizer os militantes de esquerda: “socialismo ou barbárie”. Pode-se parafraseá-los dizendo: “Ou Estado Democrático de Direito ou milícias”. Se as milícias avançam sobre o território deixa de haver cidadania e o Estado Democrático de Direito. Por outro lado, o desenvolvimento do Estado Democrático de Direito é incompatível com milícias; e, ainda que lentamente, a democracia avança sobre o território e, conseqüentemente, milicianos começaram a ser indiciados criminalmente, julgados e presos.

O sistema de poder miliciano se viu ameaçado e resolveu lutar com as armas que tem, armas de fogo. Assim, com o objetivo de intimidar o Estado Democrático de Direito sucede-se ações terroristas, como o assassinato da Juíza Patrícia Acioli e o plano para matar o deputado Marcelo Freixo, que o levam forçadamente ao exílio, para preservar sua vida.

Como é costumeiro ouvir em filmes sobre máfia: não é pessoal, é negócio. O problema das milícias, não é apenas o Deputado Marcelo Freixo ou a Juíza Patrícia Acioli. As milícias vão ameaçar e tentar eliminar qualquer um que faça o Estado Democrático de Direito valer sobre elas e nas áreas sobre seu controle.

Resta saber qual será a resposta que o Estado Democrático de Direito vai dar as milícias.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Nossas cidades estão ficando inviáveis: entrevista com Ermínia Maricato

No link abaixo, entrevista à Desafios do Desenvolvimento, concedida por Ermínia Maricato. A professora, urbanista e militante política, fala dos rumos de nossas políticas urbanas, seu objeto de estudo e área de atuação há quatro décadas. “Para mim, o centro de tudo é a questão da justiça social”, diz ela. Ou seja, de como as metrópoles brasileiras precisam deixar de ser expressão da secular discriminação contra os mais pobres.

http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2508%3Acatid%3D28&Itemid=23

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Os bondinhos de Santa Tereza

Os recentes protestos de moradores de Santa Tereza (ver http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/09/01/moradores-familiares-do-motorneiro-morto-em-acidente-com-bonde-fazem-manifestacao-no-centro-pedem-exoneracao-do-secretario-925266721.asp) buscam lembrar que nenhuma análise que se faça do acidente pode escapa à consideração de um fato simples: nenhum governante, nenhum funcionário público, ninguém tem o direito de com seus atos ou omissões colocar em risco saúde ou a vida alheia.

Dito isto, pode-se abordar dois temas que emergem nos desdobramentos do acidente: o tema da modernização e o tema da privatização. Vale dizer: essas temáticas que se articulam.

Modernização: os valores associados á idéia de modernização, especialmente a valorização da tecnologia, tornaram-se hegemônicos a partir da revolução industrial, porém na medida em que as sociedades se industrializaram e se urbanizaram, setores da sociedade passaram a questionar e buscar caminhos alternativos. Talvez o movimento hippie tenha sido só a infância de uma tendência, cada vez presente na sociedade, de questionamento da busca da aceleração do tempo da vida.

Uns preferem Miami, outros Paris; uns preferem funk, outros preferem chorinho; uns preferem energéticos, outros preferem vinho; uns gostam de 'fast food', outros de 'slow food'; uns gostam da vida agitada, outros do tempo lento; uns preferem a Barra, outros Santa Tereza; uns preferem transportes modernos e velozes, outros o antigo e lento bondinho.

A sociedade democrática não é feita de pensamentos únicos. Os grandes consensos são próprios de sociedades totalitárias. A sociedade democrática e feita da composição de interesses. Há que se respeitar então a visão daquelas pessoas que fizeram de Santa Tereza um lugar especial, os seus moradores, que preferiram as dificuldades das suas ladeiras, o tempo lento do seu bondinho, a antiguidade da sua paisagem.


Fonte: http://luizgeremias.blogspot.com/2011/01/o-bonde-tem-uma-historia-para-contar.html 

Privatização: o tema da privatização do bondinho aparece no contexto da turistificação de Santa Tereza ( ver --> http://oglobo.globo.com/blogs/emcartaznaweb/posts/2011/09/01/bonde-privativo-em-santa-teresa-402763.asp). Nesse contexto, quando se fala em privatização dos bondinhos, não se pode esquecer que os processos de privatização das infra-estruturas e serviços da urbanização, como telefonias, estradas (pedágios), e aeroportos, foram antecedidos por processos de sucateamento dessas infra-estruturas e serviços. Foram exemplos inexistência de oferta de linhas telefônicas, estradas esburacadas, caos nos aeroportos.

Coincidência ou não, o sucateamento torna a cidadania mais permeável a idéia de que a privatização é a solução; permeabilidade especialmente relevante quando se considera que privatização, implica em lucratividade e lucratividade em aumento do valor das tarifas.

Depois de privatizados os serviços se tornam de qualidade duvidosa e muito mais caros: metro, barcas, ônibus e as campeãs de reclamação, as companhias de telefonia celular são exemplares, nesse sentido. Porém, depois de privatizado, como diria o popular: "perdeu!"

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Vídeos : quem paga a conta do desenvolvimento?

Abaixo seguem três vídeos que demonstram o impacto de políticas de desenvolvimento sobre a parcela mais pobre da sociedade. Uns deslocalizados na cidade, outros deslocalizados no campo, a parcela mais pobre e menos protegida da sociedade brasileira tratada como objeto.

Fica evidente nesses exemplos que a localização no território não apenas uma posição geométrica ou georreferenciada; a posição no território é sócio-referenciada e os deslocamentos impostos pelo Estado ou as transformações violentas nas localizações determinadas pela inserção de grandes empreendimentos no tecido urbano, deslocalizam pessoas e famílias, com grandes danos materiais e morais, para usar a expressão vinda do direito.

O documentário Realengo, aquele desabafo!, produzido pelos pesquisadores do Observatório das Metrópoles, discute a recente política habitacional de reassentamento da Prefeitura do Rio de Janeiro, a partir do programa Minha Casa Minha Vida. Link: http://www.youtube.com/watch?v=ZoBJzrACZ3c&feature=youtu.be

Documentário sobre as desapropriações e expulsão de pequenos agricultores, das terras que cultivem há muitos anos, realizadas pela CODIN (Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do RJ) para construção do Complexo do Porto do Açú. Link: http://www.youtube.com/watch?v=RA9h2AKGlSc

Vídeo DESENVOLVIMENTO A FERRO E FOGO que mostra os problemas causados a saúde dos moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro decorrentes da implantação da Companhia Siderúrgica do Atlântico. Link: http://www.youtube.com/watch?v=5--nTG9q0A4

Vídeo: a ciência a serviço da sustentabilidade urbana.


Nesse vídeo falado em japonês, mas com as legendas em inglês, um inventor japonês demonstra o funcionamento de uma máquina capaz de converter o plástico em GASOLINA, DIESEL E QUEROSENE. Ou seja, a máquina processa entre outros objetos de plástico, garrafas pet e sacolas de supermercado em combustível. A máquina traz um impacto positivo tanto na geração de energia, quanto para o processamento do lixo. Para uma análise mais precisa, seria necessário considerar o impacto ambiental da produção da própria máquina e do tipo de resíduo que seu processo de transformação gera. No entanto, aparentemente é uma contribuição significativa á sustentabilidade urbana. O vídeo mostra-o também o inventor exibindo (distribuindo gratuitamente??) a máquina em países pobres. Procurei apurar a informação e não encontrei desmentidos na internet. Pra quem gosta do tema sustentabilidade é um prato feito. Link: http://www.flixxy.com/convert-plastic-to-oil.htm  

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Documentário mostra perigos dos agrotóxicos para a saúde dos brasileiros

O filme "O veneno está na mesa", lançado pelo cineasta Silvio Tendler, na última segunda-feira (25), no Teatro Casa Grande, no Rio, expõe os perigos para a saúde dos brasileiros associados à utilização de agrotóxicos no Brasil.

Desde 2008, o país é o principal mercado no mundo para esses produtos. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o consumo anual chega a 5,2 litros por habitante. Como mostram testes feitos pela Anvisa, os agrotóxicos tem sido usados de forma imprópria ou abusiva. Testes realizados em 2010, apontaram problemas em 29% das amostras de alimentos examinadas. No caso do pimentão, esse percentual chegou a 80%.

O filme mostra que, desde 2008, a agência tenta reavaliar o registro concedido para 14 ingredientes ativos suspeitos de provocar problemas no sistema nervoso central, má formação fetal ou câncer, entre outros. Alguns já foram proibidos em países tão distintos como Estados Unidos e China. A iniciativa, porém, esbarra na resistência dos fabricantes.

Financiado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz, o filme esta disponívelnos seguintes links:






quinta-feira, 9 de junho de 2011

OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

No link pode-se encontrar um interessante filme tratando do problema da obsolescência planejada, um dos fenômenos que devem estar na agenda de quem quer pensar de forma conseqüente a questão da sustentabilidade. Em 28/09/2010 publiquei aqui um artigo sobre esse tema.

OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A internet, o direito autoral e os pobres.

Se considerarmos que a urbanização envolve, além do processo de formação e transformação de cidades, também todo o processo de formação e desenvolvimento do sistema de transporte e comunicação, que articula as cidades entre si e as cidades ao campo, então teremos que admitir que o debate sobre fenômenos relacionados à internet é pertinente ao debate sobre a urbanização e as cidades, na contemporaneidade.

De fato o fenômeno da internet determina novos padrões de urbanização e transforma o modo de vida urbano e nesse sentido, o debate sobre cultura e cidade é diretamente tocado por temáticas relacionadas à internet. Entre as possíveis questões vinculadas a essa temática, vale registrar o acirrado debate, que os envolvidos com a questão da cultura vem travando em torno da questão do direito autoral e a prática de "baixar" músicas, filmes e outros bens culturais na internet.

O objetivo desse artigo é analisar uma tese que tem sido utilizada no debate sobre direito autoral. Alguns argumentam que "a cobrança do direito autoral prejudica os pobres, pois são eles os principais beneficiários da prática de "baixar" (download) música utilizando a internet".

O direito autoral é um direito de propriedade sobre um valor, valor que resulta de um trabalho capaz de gerar um efeito útil necessário à vida social. Nesse sentido, pode-se comparar a cobrança do direito autoral à cobrança por uma consulta médica. Tanto a consulta médica quanto a audição de uma música produzem um efeito útil gerador de bem estar. Ambos são produto de um trabalho qualificado por um processo de formação especifico, que se vale de um acumulo produzido socialmente ao longo da história.

No imaginário da sociedade a formação do médico está simbolicamente associada à seriedade, à responsabilidade e à dedicação; enquanto à formação do músico popular esta associada à alegria, ao prazer e ao "talento natural e nato". Imagina-se a música como produto de inspiração, que só pode ser Divina; enquanto que a boa indicação do feita por um médico resulta de estudo e inteligência.

No entanto, quem acompanhar de perto a formação de um músico popular saberá que ela envolve muito tempo de estudo, dedicação e disciplina. E, quem acompanhar de perto a formação de um médico, ou qualquer outra formação acadêmica, saberá que os que escolhem profissão por vocação, encontram no aprendizado e no exercício profissional momentos de alegria e prazer.

Assim, pode-se concluir que o trabalho realizado por um médico ou por um compositor, uma receita médica ou uma composição, geram uma efeito socialmente útil e decorrem da realização de um tempo de trabalho capacitado. Possuem, portanto, valor econômico.

Então, pode-se colocar a questão nos seguintes termos: Numa economia capitalista, o que acontece quando os trabalhadores têm acesso gratuito um bem ou serviço que possui valor econômico? Marx, possivelmente responderia: o acesso gratuito dos trabalhadores a um bem possuidor de valor reduzirá o custo da força de trabalho, aumentando, conseqüentemente, a taxa de lucro.

É preciso lembrar que as consultas médicas, oferecidas gratuitamente em postos de saúde, são na verdade pagas pelo Estado com dinheiro de impostos. Para conhecer suas conseqüências econômicas, seria preciso saber qual parcela dos impostos é paga pela renda do capital e qual a parcela dos impostos é paga pela renda do trabalho.

É preciso considerar também que, no caso da música "baixada", haverá um captura do valor "gratuito" pelos mediadores do sistema que permite "baixar" a música. Empresas que produzem e vendem computadores e programas; provedores de internet; empresas de serviços de telefonia e de banda larga; enfim, todas as empresas que produzem um bem ou serviço que é mediador necessário à fruição do efeito útil socialmente desejado, agregam ao valor do bem ou serviço que atua como mediador, o valor não pago pelo efeito útil mediado. As TVs de sinal aberto, por exemplo, não cobram diretamente ao tele expectador, mas sim às empresas, pela propaganda de seus produtos. O custo da propaganda é agregado ao do produto e, finalmente, o tele expectador paga pela TV de sinal aberto ao comprar um dentifrício ou ao pagar a tarifa bancária.

Numa economia capitalista o valor não se dissolve; ao ser oferecido gratuitamente será capturado e a forma como se dará essa captura será determinada pelas relações econômicas vigentes e pelo aparato jurídico-legal que as sustenta. O argumento de que a não cobrança de direito autoral será um benefício para os pobres deve, portanto, ser avaliado e qualificado.



Sobre "Creative Commons" e ECAD sugiro a leitura do esclarecedor artigo de Mario Conte, publicado no link da ESQUERDA MARXISTA:

http://www.marxismo.org.br/index.php?pg=artigos_detalhar&artigo=697



quarta-feira, 27 de abril de 2011

Seguranças do metrô tratam passageiros com violência na estação de Botafogo

No link abaixo é possível assisttir seguranças do metro tratando um passageiro com violência e agindo como se fossem políciais. O Estado de Direito saiará profundamente arranhado se as autoridades responsáveis pela ordem, especialmente a agetransp.rj, a polícia e o Ministério Público não tomarem proveidencias. 
Globo Vídeos - VIDEO - Passageiros e seguranças se envolvem em tumulto na estação do metrô de Botafogo

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Vídeo sobre a urbanização de São Paulo


No link http://vimeo.com/14770270  é possível ver o vídeo "Entre Rios" que trata da urbanização se São Paulo. O foco da abordagem está na relação que se estabeleceu entre o sítio geográfico e o sistema de transporte, que explica em grande parte as enchentes que hoje perturbam a vida dos Paulistas.

sábado, 9 de abril de 2011

Em solidariedade as vítimas de Realengo, Rio de Janeiro.


Quando se reflete sobre o episódio de Realengo, duas conclusões são obvias. A primeira: o assassino sofria de graves problemas mentais. A segunda: sem o comércio ilegal de armas, sem acesso a uma arma de fogo, ele não conseguiria produzir uma tragédia de tamanhas proporções.

Mas a doença mental e o comércio de armas são o suficiente para explicar o ocorrido? Talvez não.

Quando alguém, em momento de transtorno mental, diz: "Sou Napoleão Bonaparte", essa pessoa está indicando uma forma, dotada de significado cultural, necessária para expressar e realizar os desígnios de seu transtorno. Sendo assim, é razoável supor que o mesmo tipo de transtorno se manifeste de forma diferenciada em ambientes culturais diferentes.

Cabe, portanto, examinar o quanto a cultura da violência é um terceiro fator, necessário à ocorrência de episódios como o de Realengo, que não é o primeiro. Houve caso recente, em um shopping em São Paulo, com características semelhantes.

70% da cinematografia importada, apresentada nas TVs brasileiras, pode ser enquadrada no mesmo modelo de filme onde um homem (raras vezes uma mulher) com uma pistola na mão, resolve todos os seus problemas, matando seus inimigos e assim eliminando todo o mal. Essa cinematografia é complementada por outros tantos videogames com o mesmo apelo cultural. E, se a propaganda influencia nossos comportamentos, porque com esses produtos culturais seria diferente?

Em vista do alcance da tragédia é preciso perguntar até que ponto essa cinematografia contribui para dar forma à certos tipos de transtorno mental, até que ponto interessa importar a cultura da violência, quantos episódios como o de Realengo serão necessários para que se desenvolvam ações para reverter esses processos?