O jornal O GLOBO (17/8/2010) informa que “pelo menos 37 milhões de brasileiros ficam sem o dinheiro da passagem para voltar para casa”, porque os preços das passagens dos transportes públicos tem um peso excessivo no orçamento familiar. A estratégia utilizada então por esses trabalhadores pobres é dormir na rua.
É comum ver alguém reclamando das pessoas dormindo da rua. Os setores ligados ao turismo, por exemplo, costumam afirmar que pessoas dormindo na rua produzem uma cena que choca o turista. Com esses estudos fica claro: quem reclama do número de pessoas dormindo na rua deveria reclamar do preço das passagens do transporte público, pois o aumento de numero de pessoas dormindo nas ruas é conseqüência imediata do aumento do valor das passagens dos transportes públicos.
O quadro que choca o turista: pessoas dormindo na rua, sem condições sanitárias, com o comprometimento da dignidade humana, de seu direito d ir e vir, é efetivamente um escândalo social e político.
Como resolver o problema?
Subsidiar as passagens é injusto socialmente e moralmente indecente porque significa transferir renda do conjunto da coletividade para o lucro do setor de transporte, que lucra com o serviço que presta.
A justificativa usada para privatizar serviços públicos foi a de que o mercado seria capaz de alocar os recursos melhor que o Estado. No entanto, fica evidente que a lucratividade das empresas de transporte público é incompatível com condições básicas de cidadania.
Os transportes públicos representam hoje um gargalo para o desenvolvimento das metrópoles e grandes cidades, que produzem mais de 80% do PIB nacional. A qualidade do transporte público não é boa, a organização do sistema, para atender ao lucro privado, tornou o sistema irracional e o preço da passagem impede a efetivação de condições básicas de cidadania para uma parcela expressiva das famílias brasileiras.
É preciso agora coragem política para examinar a idéia de transferir para o poder publico a gestão dos transportes públicos nas metrópoles e grandes cidades.