sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Urbanismo: historia, doutrina e teoria

 A prática sem teoria não passa de uma ação ignorante e a teoria sem prática não passa de uma metafísica sem propósito. O que é importante, portanto, é encontrar uma teoria que sirva prática e uma pratica teoricamente orientada.  Na verdade,  quando se trata do urbanismo, a pratica é, muitas vezes, também orientada por uma doutrina. Pode-se de forma simplificada dizer que em relação a certo fenômeno ou estrutura social, a historia esta preocupada em revelar “como foi que se deu seu desenvolvimento”, que a teoria se coloca a questão de “como este fenômeno ou estrutura  é”, e as doutrinas se voltam para a questão de “como ele deve ser”. 

Vale lembrar que para o antropólogo Claude Lévi-Strauss(1908-2009) e que marca o processo de constituição da cultura, entendo a cultura como traço que diferencia os humanos das demais espécies, é o aparecimento de normas que, expressando a vontade coletiva se sobrepõem as vontades individuais e instintos (Laraia,1986:56) . Essa passagem nos indica o quanto é importante para a sociedade o seu processo de desenvolvimento moral e normativo. Este processo está fundado não só em teorias mas também em doutrinas que antecipam uma transformação social.

Nesse sentido é preciso considerar que o projeto de urbanismo e o planejamento urbano, enquanto instrumentos que visam antecipar uma transformação social, tendem a ser orientados não só por teorias e pelo conhecimento da historia, mas também por doutrinas. Projetar e planejar são ações normativas, ou seja, a ação do urbanista não esta simplesmente baseada naquilo que a cidade contemporânea é,  mas ela também é uma ação com propositiva e normativa, no sentido de indicar aquilo que a cidade deve ser.

O plano e o projeto são atividades que tem por objetivo gerar uma realidade que ainda não existe e, portanto, são sempre de alguma forma fundamentados em doutrinas, que constituem princípios normativos; e esses princípios normativos são o fundamento ético do plano e do projeto, e devem ser enunciados com clareza e transparência, para que a ação do urbanista seja compatível com vida democrática.

O urbanismo como disciplina e pratica social se alimenta, portanto,  dos conhecimento que a historia produziu, das  teorias sobre a cidade, a urbanização e o próprio urbanismo, e de doutrinas que visam orientar a formação da cidade, a partir de proposições de natureza ética e moral.