sexta-feira, 4 de maio de 2012

Rio de Janeiro: crise de aluguéis e mega-eventos.

Preço abusivo e pouca oferta de imóveis: alugar um apartamento tornou-se um problema carioca. A alta dos preços pode ser explicada pela falta de imóveis para alugar no Rio de Janeiro. Hoje, há na cidade do Rio de janeiro pouco mais de 2.300 apartamentos e casas disponíveis. É um número bastante defasado em uma cidade onde vivem 6 milhões de pessoas. A quantidade de imóveis para alugar na cidade é menor do que em Porto Alegre, por exemplo, onde há 1,5 milhões de habitantes, um quarto da população carioca. Fonte: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2012/05/falta-de-imoveis-para-alugar-no-rio-de-janeiro-explica-alta-dos-precos.html

Faltam imóveis para alugar, apesar da existência de um enorme estoque imobiliário ocioso na cidade. Quer dizer, existem apartamentos vazios, mas eles não estão disponíveis para alugar. Porque?

No Brasil e no Rio de Janeiro, o mercado de compra e venda de imóveis está superaquecido. Em 2011, enquanto o aumento do PIB foi de 2,7 %, a alta do preço dos imóveis no Brasil foi em média de 14%. Os quatro primeiros lugares são ocupados pelo Rio de Janeiro, com o maior aumento, chegando aos 19,5%; Belo Horizonte, que teve alta de 15,9%; e Recife, com aumento de 15,1%.

Um conjunto de fatores concorre para esse aumento. Pode-se considerar que o aumento do crédito imobiliário aqueceu o mercado de compra e venda de imóveis em todo o Brasil. Assim, temporariamente o aumento dos alugueis é menor que o preço de compra e venda dos imóveis dos imóveis.

O tempo constrói na imaginação dos proprietários a expectativa de valorização de sua propriedade e que: primeiro, é melhor vender e lucrar com a aplicação financeira do valor resultante da venda; segundo, melhor é vender depois porque a tendência é de alta dos preços imobiliários. Forma-se uma crise de oferta de imóveis para alugar.


No Rio de Janeiro a alta de preço ainda é maior porque está influenciada pelas expectativas geradas com a proximidade das Olimpíadas e da Copa do Mundo e pela reversão da idéia de que a cidade passa por um processo de esvaziamento econômico. Se antes comprar imóveis na cidade para investir parecia sem sentido, hoje parece um excelente negócio.


Duas perguntas colocam-se diante desse contexto: Qual é o verdadeiro horizonte de valorização imobiliária da cidade? O que se pode fazer para estimular a oferta de aluguéis?

Quanto ao horizonte de valorização imobiliária pode-se dizer que o processo de valorização do solo urbano em uma cidade não pode se afastar muito do processo de constituição da renda naquela cidade. Portanto, o impacto de que se pode esperar, de mega-eventos como Olimpíadas e da Copa do Mundo, sobre os preços imobiliários, deve ser semelhante ao impacto desses mega-eventos sobre a renda urbana agregada.

Em 2011, enquanto o PIB aumentou no Brasil à taxa de 2,7%, no Rio de Janeiro os aluguéis aumentaram em torno de 10% e o preço dos imóveis chegou a aumentos de 20%. Tem-se então um descompasso, que não dá indicações de que o futuro sancionará as mega-expectativas de valorização imobiliária do presente.

Quanto às possibilidades de intervenção sobre a crise de oferta de imóveis para alugar, não deveria ser descartado um debate sobre a possibilidade de tributar imóveis ociosos e isentar os alugados. O estoque imobiliário ocioso não cumpre a função social da propriedade, prevista no Estatuto das Cidades e, certamente, a tributação desses imóveis contribuiria em muita para redução do preço dos aluguéis, bem como da oferta de imóveis para a compra, reduzindo preços de um modo geral.