Vive-se um momento de crise, sem duvida. Todos
entendem que se trata de uma crise porque não há desenvolvimento e entende-se
que não há desenvolvimento porque o PIB não cresce.
Com a ascensão de uma cultura capitalista a
noção de desenvolvimento passou a se associar a ideia de aumento da renda,
expressa em indicadores como o PIB (Produto Interno Bruto) e o PIB per capita.
Porém, o PIB, ou o PIB per capita, são apenas indicadores de renda, tendo em
vista a correlação existente entre renda e desenvolvimento, nas sociedades com
economia capitalista.
No entanto, considerando que a renda é apenas
um dos possíveis indicadores do desenvolvimento, surgiram outros indicadores de
desenvolvimento como o IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano, implementado
pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), com o objetivo
de oferecer um contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita, por ser
esse indicador restrito à dimensão econômica do desenvolvimento.
Buscando ampliar a perspectiva de análise do
desenvolvimento, a base do calculo do IDH são saúde, educação e renda.[1]
Mas, apesar do IDH ser, de fato, uma forma mais precisa de reconhecimento do
desenvolvimento, o próprio PNUD reconhece que o IDH não abrange todos os aspectos de
desenvolvimento e em função disso outros indicadores foram formulados e
considerados pelo PNUD: o Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD), o Índice de Desigualdade de Gênero (IDG)
e o Índice de Pobreza Multidimensional
(IPM).
No sentido de refletir sobre a questão do desenvolvimento, para uma
compreensão melhor do tema, vale recorrer a formulação de Leslie White quando
indica que o objetivo do desenvolvimento é fazer com que “a vida se torne mais
segura e duradoura” (White, 2009: 43), ao que pode acrescentar a ideia de uma
vida mais satisfatória. Seriam esse os objetivos do desenvolvimento e,
aceitando-se esse ponto de vista, o desenvolvimento pode ser visto como um
processo progressivo através do qual a sociedade busca uma vida mais segura,
mais duradoura e mais satisfatória.
Na verdade, portanto, o PIB apenas sinaliza um provável aumento nas
condições que favorecem à existência de uma vida mais segura, mais duradoura e
mais satisfatória mas, como do ponto de vista individual, essa perspectiva é
reforçada pela experiência cotidiana, ou seja, numa sociedade capitalista quem
tem mais dinheiro, tem maiores chances de segurança, longevidade e prazer,
reduz-se o debate sobre o desenvolvimento ao problema de aumento do PIB.
Porém, para países e cidades a coisa não se reproduz exatamente do mesmo
modo e, nesse sentido, basta lembrar que países e cidades com o mesmo PIB per
capita apresentam diferentes condições de segurança, longevidade e prazer para
os seus habitantes.
[1] Segundo o site do PNUD esses
indicadores são considerados da seguinte forma: uma vida longa e saudável
(saúde) é medida pela expectativa de vida; o acesso ao conhecimento (educação)
é medido por: i) média de anos de educação de adultos, que é o número médio de
anos de educação recebidos durante a vida por pessoas a partir de 25 anos; e
ii) a expectativa de anos de escolaridade para crianças na idade de iniciar a
vida escolar, que é o número total de anos de escolaridade que um criança na
idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os padrões
prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade permanecerem os
mesmos durante a vida da criança; e o padrão de vida (renda) é medido pela
Renda Nacional Bruta (RNB) per capita expressa em poder de paridade de compra
(PPP) constante, em dólar, tendo 2005 como ano de referência. Publicado pela
primeira vez em 1990, o índice é calculado anualmente. Fonte: http://www.pnud.org.br/IDH/IDH.aspx?indiceAccordion=0&li=li_IDH