quarta-feira, 10 de junho de 2015

O urbanismo contemporâneo e a memória e identidade coletivas nas cidades


Se a identidade é o que distingue os diferentes, é também a identidade que aproxima os semelhantes. O compartilhamento de uma identidade é um dos elementos que está na base de existência de todas as coletividades humanas. Uma coletividade só pode se constituir com base no compartilhamento de identidades. A identidade uma força que agrega os membros de uma coletividade: classe, religião, cidade, pais ou qualquer outra.

            A identidade é a condição básica para soma de esforços dos indivíduos em torno de objetivo comum e, no sentido oposto, as ações de violência encontram apoio em processos de (des)identificação social: racismo, homofobia, machismo, fascismo, conflitos entre quadrilhas e gangs, guerras, encontram nos processos de (des)identificação, baseados na construção do outro como ser essencialmente diferente, uma importante fonte de energia. A (des)identificação é a base que permite a um ser humano exercer, sem conflito interior, a violência sobre outro ser humano.

A memória é essencial para a identidade, pois sem memória não é possível lembrar quem se é, nem como se chegou a ser quem se é. A identidade está estruturalmente ligada à memória que é um de seus vínculos com a realidade. A memória dá sentido histórico à identidade: é a memória que vincula a identidade ao conjunto de acontecimentos, circunstancias e estruturas históricas que a forjaram.

A cidade é um palimpsesto escrito por diferentes modos de urbanização históricos. O urbanista contemporâneo tem que ser capaz de ler essa escrita, pois ela tem significado para a memória e identidade coletivas. Só sendo capaz de ler essa escrita é que o urbanista contemporâneo será capaz de fortalecer a memória e a identidade coletiva das cidades aonde vier a realizar sua intervenção.