Se a identidade é o que
distingue os diferentes, é também a identidade que aproxima os semelhantes. O
compartilhamento de uma identidade é um dos elementos que está na base de
existência de todas as coletividades humanas. Uma coletividade só pode se
constituir com base no compartilhamento de identidades. A identidade uma força
que agrega os membros de uma coletividade: classe, religião, cidade, pais ou
qualquer outra.
A
identidade é a condição básica para soma de esforços dos indivíduos em torno de
objetivo comum e, no sentido oposto, as ações de violência encontram apoio em
processos de (des)identificação social: racismo, homofobia, machismo, fascismo,
conflitos entre quadrilhas e gangs, guerras, encontram nos processos de (des)identificação,
baseados na construção do outro como ser essencialmente diferente, uma
importante fonte de energia. A (des)identificação é a base que permite a um ser
humano exercer, sem conflito interior, a violência sobre outro ser humano.
A memória é essencial
para a identidade, pois sem memória não é possível lembrar quem se é, nem como
se chegou a ser quem se é. A identidade está estruturalmente ligada à memória
que é um de seus vínculos com a realidade. A memória dá sentido histórico à
identidade: é a memória que vincula a identidade ao conjunto de acontecimentos,
circunstancias e estruturas históricas que a forjaram.
A cidade é um
palimpsesto escrito por diferentes modos de urbanização históricos. O urbanista
contemporâneo tem que ser capaz de ler essa escrita, pois ela tem significado
para a memória e identidade coletivas. Só sendo capaz de ler essa escrita é que
o urbanista contemporâneo será capaz de fortalecer a memória e a identidade
coletiva das cidades aonde vier a realizar sua intervenção.